Introdução Uma estação de tratamento e disposição final de esgoto sanitário é o local onde se realiza, de forma controlada, uma série de operações unitárias, de modo a reduzir a níveis considerados aceitáveis pela legislação o potencial poluidor da quantidade de esgoto sanitário que chega a estação, e efetuar após o tratamento, o adequado lançamento do efluente tratado num corpo d’água receptor.

Vários fatores influem na escolha do tipo de processo de tratamento a ser empregado em cada caso. O importante é definir a tecnologia utilizada tendo como base princípios de sustentabilidade, procurando harmonizar os pontos de vistas econômico, social e ecológico. O parâmetro mais importante é condicionar o tratamento à capacidade depuradora do corpo d’água receptor. Neste quesito leva-se também em consideração o uso dado a água nos locais à jusante do ponto de lançamento.

 

Dentre os outros fatores disponíveis, pode-se citar:

Característica dos esgotos; Área disponível para a implantação da ETE; Custo de implantação; Disponibilidade e custos operacionais de consumo de energia elétrica; Topografia dos possíveis locais de implantação e das bacias de drenagem e esgotamento sanitário; Volumes diários a serem tratados e variações horárias e sazonais da vazão de esgotos; Disponibilidade e grau de instrução da equipe operacional responsável pelo sistema; Clima e variações de temperatura da região; Disponibilidade de locais e/ou sistemas de reaproveitamento e/ou disposição adequados dos resíduos gerados pela ETE.

No projeto de uma ETE, normalmente não há o interesse em se determinar os diversos compostos dos quais a água residuária é constituída, tendo em vista a complexidade das análises de laboratório que seriam necessárias e a pequena utilidade prática desses resultados como elementos para subsidiar o projeto e operação da mesma. Desta forma, é preferível a utilização de parâmetros indiretos que traduzam o potencial poluidor do despejo em questão. Esses parâmetros são divididos em três categorias: físicos, químicos e biológicos. Os parâmetros físicos são em função de partículas sólidas suspensas ou em estado coloidal (orgânicas ou inorgânicas) que alteram a transparência (turbidez) e cor da água, podendo precipitar-se na forma de lodo. Outras substâncias dissolvidas também poderão conferir alterações de cor, manifestação de odor e também variações de temperatura. Ex: sólidos totais, sólidos totais dissolvidos, sólidos sedimentáveis, etc. Já os parâmetros químicos constituem-se de substâncias orgânicas e inorgânicas solúveis. A fração orgânica é representada por proteínas, gorduras, hidratos de carbono, fenóis e por uma série de substâncias artificiais, fabricadas pelo homem, como detergentes e defensivos agrícolas. As substâncias minerais mais importantes são nutrientes (nitrogênio e fósforo), enxofre, metais pesados e compostos tóxicos. Ex: DBO, DQO, nitratos, nitritos, nitrogênio amoniacal, orto-fosfato. Os parâmetros biológicos são representados pelos seres vivos liberados junto com os dejetos humanos: bactérias, vírus, fungos, helmintos e protozoários. Alguns desses seres habitam normalmente o trato intestinal do homem e não lhe prejudica a saúde; outros podem causar doenças e são denominados organismos patogênicos. EX:contagem total de bactérias, contagem de coliformes totais (NMP), contagem de coliformes fecais (NMP).

Classificação dos processos de tratamento de esgoto sanitário

É comum classificar as instalações de tratamento, em função do grau de redução dos sólidos em suspensão e da redução da demanda bioquímica de oxigênio, proveniente da eficiência de uma ou mais unidades de tratamento, em:

Tratamento preliminar

Remoção de sólidos grosseiros (grade) Remoção de gorduras Remoção de areia (caixa de areia)

Tratamento primário

Sedimentação Flotação Digestão do lodo Secagem do lodo Sistemas compactos (sedimentação e digestão, Tanque Imhoff) Sistemas anaeróbios (lagoa anaeróbia, reator de fluxo ascendente)

Tratamento secundário

Filtração biológica Processos de lodos ativados Decantação intermediária ou final (sedimentação do lodo) Lagoas de estabilização aeróbias (facultativa, aerada)

Tratamento terciário

Lagoas de maturação Desinfecção Processos de remoção de nutrientes Filtração final

Estimativa da eficiência esperada nos diversos nÍveis de tratamento incorporados numa ETE (eficiÊncia gradativa)

Tipo de tratamento

Matéria orgânica (% remoção de DBO)

Sólidos em suspensão (% remoção SS)

Nutrientes (% remoção nutrientes)

Bactérias (% remoção)

Preliminar

5 – 10

5 –20

Não remove

10 – 20

Primário

25 –50

40 –70

Não remove

25 –75

Secundário

80 –95

65 –95

Pode remover

70 – 99

Terciário

40 - 99

80 – 99

Até 99

Até 99,999

 

Os principais tipos de ETE’s são as que operam pelas seguintes tecnologias:

Lagoas de estabilização Lodos ativados Filtros biológicos aerados Sistemas individuais (descentralizados) Reator Anaeróbio de Manto de Lodo (Reatores anaeróbios de fluxo ascendente, RAFA ou UASB).